quarta-feira, 16 de julho de 2008

“ Comentário sobre as Declarações do Dr. Victor Constâncio proferidas no dia de ontem “

[Ontem ouvi com muita atenção o Sr. Governador do Banco de Portugal. O Dr. Victor Constâncio, fez uma explicação brilhante (tecnicamente falando), sobre a realidade da economia do nosso País, sem rodeios e sem demagogias, falou de forma clara e objectiva. Tudo o que o Dr. Victor Constâncio ontem falou, vem ao encontro de tudo o que eu tenho escrito sobre a economia do País neste Blogue. Face ao que foi explicado pelo Dr. Victor Constâncio; - O Nosso Governo tem que interiorizar que a situação é grave demais para ser parcialmente ignorada. Um Governo responsável, tem que governar, pensando na recuperação da saúde financeira da sociedade e adoptando medidas que resolvam os problemas e não transferir os problemas para as gerações futuras. Existem realidades actualmente no Nosso País que têm que ser travadas o mais rapidamente possível. Não é admissível que o Governo tome conhecimento que o total das dívidas dos Portugueses ultrapassa os 129 por cento do rendimento disponível e não tome medidas concretas para disciplinar o crédito. Volto a repetir que é necessário que o Governo tenha uma acção concertada com os Bancos para restringir parte do crédito ao consumo desnecessário. Grande parte do que disse o Dr. Victor Constâncio, subscrevo na íntegra; - No entanto, discordo do Governador do Banco de Portugal, quando afirma que as famílias continuam numa situação aceitável, porque o seu património é muito superior ao endividamento; - Isto porque o Dr. Victor Constâncio tem a plena consciência que essa realidade não existe na maioria das famílias endividadas e que o problema quotidiano das famílias é a falta de liquidez; - não é o património (Ter Património, nem sempre é sinal de saúde financeira; - O Património não se vende de um dia para o outro e não paga as despesas diárias das Famílias – Lembro ao Dr. Victor Constâncio, a medida tomada pela Ex. Ministra das Finanças – Dra. Manuela Ferreira Leite para controlar o deficit, de colocar à venda Imóveis do Estado e o resultado foi nulo, visto que quase nada se vendeu), que paga as despesas diárias das Famílias Portuguesas. Outra das minhas discordâncias refere-se à opinião do Dr. Victor Constâncio, de aconselhar a não se proceder a um aumento intercalar dos salários para que se reponha o poder de compra. É minha opinião que o valor elevado da inflação, justifica um aumento intercalar dos salários, porque se tal não acontecer, a perda de poder de compra será brutal; - No entanto concordo em absoluto que para já e por enquanto não se deve proceder a nenhuma diminuição dos Impostos. Concordo também quando afirma que a situação tem-se agravado e as coisas podem piorar e também estou de acordo que precisamos de uma política energética diferente, e até concordo que tudo tem que estar na mesa, incluindo a Energia Nuclear; - Tenho escrito neste Blogue, que os Governos da União Europeia têm que elaborar um plano de longo prazo em conjunto, para a diminuição gradual da dependência do Petróleo; - Ainda ontem o Candidato Presidencial Americano - O Democrata Barack Obama, declarou, que se for eleito, uma das principais prioridades que a Sua Administração vai ter, é tornar-se paulatinamente, não dependente do Combustível Fóssil, para isso, declarou que iria fazer uma aposta forte nas energias renováveis e não agressivas para o ambiente. Como se pode constatar, pelas declarações do mais que provável futuro Presidente dos Estados Unidos, o objectivo de acabar com a dependência do Petróleo, já é uma preocupação e uma prioridade na Campanha Presidencial Americana. Estas declarações de Obama, são para mim um sinal para os Países da União Europeia começarem a traçar um projecto concertado de longo prazo neste campo. Por último gostaria de alertar, que a crise imobiliária que se vive nos Estados Unidos, já começou a ter repercussões na Nossa Europa; - A maior Imobiliária Ibérica, a “ Martinsa-Fadesa “ (Com carteira avaliada em mais de dez mil milhões de euros) anunciou a suspensão de pagamentos, por não conseguir honrar uma dívida de 5200 Milhões de Euros, o Presidente da Imobiliária, Fernando Martín, escreveu ao Presidente do Governo Espanhol, pedindo-lhe ajuda, depois de o Instituto de Crédito Oficial ter negado um empréstimo de emergência no valor de 150 Milhões de Euros, e sem hipótese de recorrer à Banca. Vamos ver como reage a esta situação o Governo de José Luíz Zapateiro. Tenho a plena convicção que o que está agora acontecendo em Espanha, vai acontecer mais cedo do que se possa pensar em toda a Europa, por essa razão é fundamental que os Governantes Europeus tenham uma política de antecipação aos acontecimentos que já sabemos que vão surgir. Lisboa. Luís Bràulio Cardoso de Macedo Pereira. 48 ª Opinião – Publicada em 16 de Julho de 2008 – Quarta - Feira – 19.38 Horas (Contacto para comentários a ser publicados; depois de validados: “ brauliopt@gmail.com “]